o banco, o blog e as velhinhas.

Eu estava no banco com a minha mãe, eu tinha levado meu celular com o fone, mas gente a conversa era tão engraçada que eu tive que desligar só pra ouvir:
- Ah fulana vou ver meu neto Lucas amanhã.
- Desde quando cê tem neto?
- Há um mês. Minha filha, graças a Deus, pariu essa criança, não aguentava mais aquela garota com aqueles desejos bestas infernizando o corno do marido, até eu já tava cheia.
- Cê tava lá na hora do parto?
- Tava... fulana eu chorei tanto, meu genro filmou até a cesaria, fulana além de corno é froxo, ficava chorando feito mulher. Ele cismou que ia filmar, aquele lá não vê nem filme pornô, vai querer ver o vídeo do parto do filho?
- Nessas horas a gente finge que apóia tudo que o genro faz, minha filha mais nova arranjou namorado novo, aquela lá tem 26 anos na cara e só quer saber de dar pros outros, olha sicrana me desculpe a sinceridade, mas daqui a pouco ela vai dar até pra mulher, a menina aparece toda semana com namorado diferente, se ele arrotar na frente dela, já é motivo pra terminar.
- Misericórdia, cê já conversou com essa menina, fulana?
- Fiz pior, falei pro último que ele não tem que ter vergonha de arrotar porque ela arrotava feito uma porca em casa e que se ela não arrota é porque ela vai levar até a Caras pra ler no banheiro.
- Fulana, cê falou isso pra ele?
- Falei, tenho medo da minha filha não, ela ficou com o rabinho entre as pernas, menina mais besta, tá achando que é artista pra cada festa aparecer com namorado novo?
- Falando em namorado novo, sabe a Maria da rua de baixo?
- Sei, uma de cabelinho loiro que vive andando com um poddle cheio de carrapato?
- Essa mesma, tá de namorado novo. É um velhinho lá mal-encarado...
- Já perguntou pra Bete o que ela sabe sobre ele?
- Acha que não? Ela falou que ele era metido em jogo.
- Nossa, como ela sabe?
- Bete sabe de tudo, fulana.
- É... ela até preveu a internação do meu marido.
- Ah sim, seu marido... como ele está?
- Aquela merda ainda não morreu.
O banco todo começou a rir.
- Ah não fala assim dele...
- Falo sim, me chifrava quando era mais novo... falo e falo alto, ficou brocha antes de ir pro hospital.
- Fulana, fala baixo... mas é verdade?
- É, bem feito, acredita que até brocha ele tentava me trair? Ainda bem que as enfermeiras tem até nojo de quando vão dar banho nele, bem feito.
Uma menina com um shortinho muito curto, chinelo e camiseta saiu do banco e as velhinhas olharam.
- Meu Jesus, esse mundo tá perdido.
- Mas num é sicrana? Ainda bem que a minha filha não é assim, quando ela era nova eu falei: "julinha se você se vestir feito vadia eu te arranco os dentes".
- Mas é assim mesmo, ou fazia que nem minha mãe, não avisava, se visse fazendo, dava uns tabefes. Ela fazia isso comigo e com meu irmão, até pra casar eu pedi autorização dela de tanto medo.
- Agora vê se as mães fazem isso? Deixam nas ruas, deixam eles ficarem naquele treco o dia todo...
- Que treco fulana?
- Aquele treco que os jovens tudo tem, computador, né?
- Ah sei, minha neta tem. Aquela lá fica digitando num sei o quê sem parar, tá no yogurt.
- Yogurt?
- É, yogurt. Cada nome esquisito, né?
- Tô te falando sicrana, esse mundo tá perdido.
Nessa hora chamaram a minha mãe e eu perdi todo o fim da conversa. Mas querem saber? A fulana tem razão. Beijos!